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Sarau Enegrescência recebe o jovem escritor Marcelo Ricardo, um dos participantes da coletânea Letra


O Sarau Enegrescência acontece no próximo sábado (18/03), às 15 horas, no Centro Cultural Casa de Angola na Bahia.


O evento literário é voltado para difundir obras de autores/as negro-brasileiros/as e africanos/as. Ocorre desde 2014 no Centro Cultural Casa de Angola na Bahia e é uma das principais atividades do Projeto Enegrescência - formado por um coletivo interessado em enunciar as culturas negras por meio da educação, da literatura e das artes em geral.


O Prêmio Malê de Literatura - Jovens escritor@s negr@s encontra-se com as inscrições abertas. Acesse o regulamento no link: https://www.editoramale.com/regulamento-1


Em entrevista para o blog da Editora Malê, Marcelo Ricardo conversa sobre o Prêmio Malê de Literatura, a cena literária de Salvador e sua relação com a escrita e a leitura.


Confira a entrevista.


E. Malê. Como você soube do Prêmio Malê de Literatura?

Alguns amigos já acompanhavam algumas postagens minhas pelo Facebook, fiz dele um reservatório de poesia e crônicas. Lembro-me de uma amiga muito próxima ter me mencionado na postagem da Malê, foi então que eu decidi apostar em me inscrever com o conto “Transição”.


E. Malê. Qual foi a sensação de estar entre os finalistas?

Foi uma surpresa. Eu considerava o texto bom, mas imaginava que pela quantidade de inscritos haviam outros bons também. Lembro que depois de ter saído o resultado, alguns amigos que também haviam submetido me procuraram para me parabenizar e eu pedi para ler os textos deles, vi coisas que me levaram a pensar o quanto deve ter sido difícil para comissão selecionar. Tem gente muita boa espalhada pelos estados brasileiros.


E. Malê. Como foi o processo de criação do conto Transição?

Transição já existia antes do edital ser aberto. Foi um processo íntimo, e eu brinco de dizer que ele é premonitório. Algumas linhas que escrevi, eu vejo se realizando em algum nível da vida real, comigo ou com amigos. O mais curioso de Transição é que ele meio que foi feito sob encomenda, eu esperava publicá-lo em alguma revista ou livro, foi então que vi o edital da Editora Malê e arrisquei.


E. Malê. Como você vê a cena literária de Salvador?

Muitas pessoas escrevem por aqui, e tem uma potência muito grande quando tomam suas realidades e as ficcionalizam. Seja na poesia, nas crônicas, nas postagens do Facebook e nas conversas do cotidiano. Temos nomes bons como Lande Onawale, Marcus Gwelluar (que tem uma musicalidade ímpar nos seus textos), Milsoul, Davi Nunes (que tem conto seu adaptado para curta metragem), Louise Queiroz (que escreveu para o último Cadernos Negros). Temos a editora Ogun’s Toques que é marca efetiva desse cenário e organiza bastante eventos. Entretanto, o mercado carece de editais públicos. Vejo amigos em batalhas homéricas para publicar seus materiais produzidos independentemente, estando restritos à Festa Literária que movimenta o Recôncavo Baiano, mas que se concentra em autores que já tem alguma procedência. Existe o que chamo de espaço de resistência das comunidades, e esse universo percebo em um movimento crescente. Os saraus são promissores em revelar uma juventude negra ativa e antenada, o que chamamos aqui de “ na missão”. Muito embora, o sonho de se ter um livro ainda esteja restrito a quem pode custear.


E. Malê. As inscrições da edição 2017 do prêmio estão abertas até 26/05. O que você diria para o jovem que pretende se inscrever? Como se deu seu envolvimento com a leitura e escrita literária e qual o significado da literatura na sua vida?

No meu projeto de vida sempre houve o espaço de escrever alguns livros. Aconteceu porque eu desenhava muito, e decidi criar um argumento bom que elencasse uma dramaturgia com uma assinatura boa. Foi aí que acabei me concentrando em escrever e fui deixando os desenhos de lado. Eu ganhava muitos livros das patroas de minha mãe, e da mesada do meu pai, eu procurava reservar sempre uma parte (ou quase sempre todo) para comprar livros. Eu gostava muito de Literatura no Ensino Médio, mas me incomodava ler movimentos literários que pareciam distantes da minha realidade. Foi quando comecei a ler autores negros e me identificar com suas histórias, acredito que é mais ou menos aí que eu decido que a escrita fará parte do meu processo de formação. Acredito no seu poder de construir imaginários e de horizontalizar, sem perder de vista a diversidade e as diferenças identitárias. Eu sempre quis ser um contador de histórias, um velho griot. Imagino que assim como eu, muitos jovens negros espalhados pelo Brasil tem vivências por serem conhecidas. E como o prêmio está aberto, acredito na possibilidade que a participação seja então um modo de conhecer essas vivências. Uma vez ouvi de uma pesquisadora, Vanda Machado, que estamos por eleger novas referências, e eu acredito que precisamos de mais gente preta escrevendo, mudando o modo de pensar da sociedade, construindo novos imaginários para além das estatísticas que nos rodeiam.


Entrevista concedida por e-mail em 17/03/2017.

Projeto Enegrescência: https://www.facebook.com/projetoenegrescencia.

A Casa Angola na Bahia fica localizada na Praça dos Veteranos - Centro, Salvador - BA.

Foto - Marcelo Ricardo: Daniela Moura

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